28 de fevereiro de 2013

Dos cheiros que me trazem paz...

O teu, é claro.
Também aquele de sabonete que toma conta da casa durante um banho
e das páginas de um livro novo.

27 de fevereiro de 2013

Das risadas cotidianas

Namorado e namorada conversando animadamente via sms.
Namorada, empolgada:
- Ah, finalmente comprei meu óculos!
Namorado inocente, puro e recatado:
- Bibliotecária, bibliotecária, bibliotecária, por favor...

25 de fevereiro de 2013

Síndrome de Peter Pan

Embora para muitos pareça não fazer o menor sentido, tenho para mim que é apenas agora que as coisas começam a fazer sentido. Dos sonhos de criança, dois deles já se realizaram. Encontrei o alguém que faz com que eu me sinta mais completa do que um dia julguei possível e conheci a capital internacional do tempo cinza, Londres. O outro está prestes a se tornar realidade.

Enquanto boa parte dos meus amigos dá um passo a frente em suas vidas, deixando a vida acadêmica e lançando-se ou avançando na carreira profissional, eu me encontro no que pode parecer a estaca zero. A decisão de voltar a estudar feito os vestibulandos de 17 anos de idade não foi interpretada como sendo exatamente a coisa mais inteligente a se fazer. Por ora, digo apenas que não se pode agradar a todos. Já é difícil agradar o seleto grupo de pessoas cujas opiniões realmente são levadas em conta nas minhas decisões, quem dirá toda a rede de amigos e conhecidos a quem eu tive a infeliz ideia de dizer "vou prestar vestibular outra vez".

Creio que as pessoas não são capazes de falar com precisão sobre coisas que não digam respeito especificamente a elas. A única capaz de medir prós e contras e realizar decisões para meu futuro sou eu mesma. Portanto digo que, sim, vou prestar vestibular novamente. Sim, vou me submeter à horas exaustivas de estudos para obter sucesso. Porque o sucesso não virá só na conquista por uma vaga no curso desejado, mas virá na vida profissional. Mais importante ainda, na vida pessoal. Sim, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance, ainda que seja cansativo e meio bobo, porque a vontade de ser realizada lá na frente é maior do que a força da comodidade. Talvez esta seja a chance de fazer coisas que deixei passar antes, por falta de vontade ou, mais provavelmente, pelo que eu chamo de "incompatibilidade com o estilo de vida". Nunca fui a caxias que separava um tempo para os estudos. Nunca fiz todos os exercícios necessários. Nunca li todos os livros cobrados. Nunca fui a estudante organizada com cronogramas, esquemas e métodos eficazes. Mas agora é a hora de ser, porque a determinação que já nasceu comigo grita e esperneia que eu vou, com toda certeza, passar em quantos processos seletivos eu quiser, na cidade e universidade que eu quiser, com todos os méritos a que eu tenho direito. Se é uma questão de orgulho ou somente a unha-de-fome falando, já não sei dizer, mas realmente não vou gastar um ano inteiro de dinheiro (e principalmente esforços) para fracassar. Muito menos dizer que desisti de ser uma arquiteta porque não passei no vestibular. Isso nunca.

Então talvez alguns considerem besteira. Síndrome de Peter Pan, quem sabe? Tentando fazer outra graduação para tentar viver o que não conseguiu da primeira vez. Não sei dizer, mas arrisco que, acima de todas as coisas, está o sonho. A convenção social diz "não desista deles", mas quando você faz um discurso e apresenta sua forma de correr atrás do que quer, a resposta do senso comum é dizer que "é muito bonito, mas acho besteira agora". Agora é tudo, menos besteira. Agora é que é possível, agora é que tem que ser feito. Agora, não depois! As oportunidades aparecem e eu sou daquelas que acreditam que, se você não tem nada que te prenda, deve aproveitar todas as que te interessam.

Enquanto eu estiver vivendo, sonhando, querendo, correndo e amando, acho que não é válido somente aquilo que me faz mal.


19 de fevereiro de 2013

O teu olhar no meu

Arde.
Da tua boca fantasio linhas de um romance
nunca dito
Da minha
espera
antes de mais nada, sorriso.

15 de fevereiro de 2013

Isso tudo é você

Não importa para onde você corra. Tanto faz sua rota de fuga, porque você vai continuar sendo só você. Não importa quantas pessoas estejam ao seu redor, não importa que idioma você fale, não importa se está sozinha na multidão ou se você é a multidão.
Seus hábitos, suas manias, seu estilo de vida e suas perspectivas podem se alterar com o tempo. E devem! Mas sua personalidade é essa aí, e você não tem exatamente culpa disso, apenas uma parcela. Sua essência não vai mudar e a compreensão vai chegar com o tempo. Sua cultura, sua família, a sociedade ao seu redor, e os valores que te foram passados durante a criação fazem parte de quem você é. Suas convicções, sua história, tudo aquilo pelo que você já passou, tudo aquilo que te disseram e que você disse de volta, todas as suas lembranças boas e ruins... tudo isso é você.
E as pessoas… bem, as pessoas vão ter que entender.

13 de fevereiro de 2013

Por um mundo com mais abraços

Não gosto de conversas sem olho no olho, não gosto de apertos de mão fracos e não gosto de gente que não dá bom dia.
Implico com garotas que se maquiam para ir à academia e com pessoas incapazes de conversar decentemente porque precisam conferir seus celulares a cada dois minutos.
Acredito num mundo melhor com pessoas que acordem felizes (e aqui entenda que não me refiro a dar pulos de alegria às 6h da manhã) e agradecidos por mais um dia, empolgados pela perspectiva de fazer a própria vida um pouquinho mais digna de ser vivida.
Acredito que a gente pode deixar os smartphones de lado e conversar pessoalmente com os outros e que a gente pode se permitir descansar quinze minutinhos após o almoço.
Tenho a impressão de que se os abraços fossem mais frequentes, as dores de cabeça não o seriam.

11 de fevereiro de 2013

Das coisas que quero fazer neste ano (não exatamente na ordem de prioridade)

1. Conhecer um lugar novo no Brasil
2. Terminar de escrever um livro
3. Me formar
4. Ler pelo menos cinco clássicos brasileiros
5. Aprender a dirigir
6. Guardar uma caixa com coisas da Rafaela do presente.
7. Passar no vestibular (de novo)
8. Ir aos Estados Unidos da América
9. Fazer um(a) novo(a) amigo(a)
10. Presentear os queridos com mais frequência
11. Aprender a tocar violão
12. Pular de paraquedas

7 de fevereiro de 2013

Das peças que você deveria ver

Maldito pré-conceito

Sentada em uma simples cadeira de plástico, sob o aparelho de ar condicionado barulhento enquanto os minutos de atraso levantavam um certo ar de suspense no ambiente escuro e repleto de cochichos, a Broadway da minha cabeça era bem mais silenciosa, elegante e suntuosa, sem dúvidas. O encarte publicitário que encontrava-se em minhas mãos poderia ter o nome de atores e atrizes conhecidos, em vez disso estampava uma montagem de um cavalo branco e um busto nu do protagonista. Quem sabe o que me esperava? Eu não estava lá muito confiante. No fundo da sala, uma animação um tanto quanto amadora tomava conta da parede. As duas mulheres sentadas na fileira da frente não paravam de conversar, a primeira delas tinha o pescoço avantajado e eu estava com a visão comprometida. A peça começou. O ator não me passava confiança, e tenho certeza que os outros espectadores estavam com a mesma sensação de tempo perdido, desilusão já prevista. Quem sabe, então, o que eles vieram a pensar após quinze minutos de encenação? O que eu sei é que eu estava visivelmente surpresa e inexplicavelmente feliz em saber que não estava perdendo tempo, dinheiro e – muito mais importante – a oportunidade de presenciar o talento em sua mais pura forma. Os quatorze atores que souberam surpreender e emocionar, juntamente com a iluminação, que cumpriu seu importantíssimo papel, e com o cenário muito bem enquadrado, a apresentação patrocinada pela Fundação Cultural de Curitiba foi digna da minha admiração e – posso garantir – totalmente ao nível de seu premiadíssimo autor, Peter Shaffer. Ganhadora do Prêmio Tony em 75 na categoria “Melhor peça de Teatro”, a história bastante polêmica é baseada em um fato verídico de um garoto de dezessete anos (Alan Strang) que, em uma só noite, cegou seis cavalos. A juíza responsável pelo caso encarrega o psiquiatra Martin Dysart de cuidar de Alan e descobrir o que o levou a cometer tal atrocidade. Durante as duas horas de peça, a história (já totalmente advinda da brilhante mente de Peter Shaffer) revela a mente doentia de Alan, a sua crença em um deus ciumento e todo poderoso que ele mesmo criou e que, além de pertencer só a ele, tudo vê e tudo julga.

Em quatro palavras: Bizarra e brilhantemente intensa.

4 de fevereiro de 2013

Era abril de 2011...

Minha amiga vivia me falando sobre seu veterano na faculdade: um cara mais do que bonito - comprometido, é óbvio - e tão legal, mas tão legal, que dava até raiva! Certo dia, nós nos conhecemos.

Não era época de amoras, mas o jardim da Universidade discordava.

Eu, minha amiga, Ele e outro amigo unimo-nos para a árdua tarefa de recolher amoras, apesar das grades que nos distanciavam da amoreira. E foi assim que tudo começou. Depois desse dia, passamos a nos ver com frequência. Mesmo quando não estávamos todos reunidos, eu o via perambulando pelos corredores e pelas redondezas da Universidade. Sempre na companhia do seu amigo ou da sua namorada. Com o passar do tempo, era cada vez mais comum vê-lo sozinho. E tornou-se cada vez mais comum o fato de pararmos para conversar quando dava tempo. E quando não dava, também. Eu era estagiária no contra-turno e, lá na Universidade, existe um lugar reservado para o "café dos estagiários". A restrição não parecia importar muito para Ele, meu novo amigo não-estagiário. Passamos a nos encontrar diariamente nos meus intervalos e, cada vez mais intensamente, comecei a ouvir uma vozinha na minha cabeça. E as palavras formavam algo como "Você está se envolvendo com o proibido!" Dizem que o que é proibido sempre é mais gostoso. E dizem, também, que a euforia ocasionada pela novidade pode ser arrebatadora. Eu não discordo. Meus dias arrastavam-se lentamente quando não nos víamos. As coisas pareceram perder a graça quando eu não estava rindo ao seu lado. Minhas amigas não aguentavam mais o nome dele saindo da minha boca. À medida que nós dois conversávamos, íamos gostando cada vez mais do que estávamos descobrindo.
Certo dia, enquanto conversávamos relaxadamente sobre seriados de televisão, Ele me contou sobre seu relacionamento ter ido por água abaixo. Tentei emitir algum som, mas fiquei com medo de ser traída pela própria boca. Eu estava radiante por dentro, deixando até mesmo alguma esperança florescer. Mas em qual universo alguém fica feliz quando a pessoa pela qual está apaixonada fica triste? Tentei alguns tapinhas no seu braço.

"Não se preocupe", eu disse. "Vocês vão se acertar".

Silêncio. Eu sempre soube que era um fracasso para consolar os outros.

"Quer conversar sobre isso?", tentei outra vez.

No momento em que perguntei, percebi que tinha feito besteira. Quero dizer, agora sei que foi a coisa mais certa do mundo. Mas, naquela hora, sabia que tinha me metido em encrenca.

"Nós terminamos", Ele declarou, fitando o chão. "Não estava dando certo, de qualquer maneira. Éramos somente bons amigos há meses".

"Que chato", mexi num fio solto da minha blusa.

"Falei que tinha me apaixonado por outra pessoa".

Meu sangue congelou. No sentido figurado, claro, porque o que aconteceu de fato foi basicamente o contrário: ele foi bombeado violentamente para minhas bochechas.

Não era a hora de nos apaixonarmos. Mas nossos corações discordavam.