4 de fevereiro de 2013

Era abril de 2011...

Minha amiga vivia me falando sobre seu veterano na faculdade: um cara mais do que bonito - comprometido, é óbvio - e tão legal, mas tão legal, que dava até raiva! Certo dia, nós nos conhecemos.

Não era época de amoras, mas o jardim da Universidade discordava.

Eu, minha amiga, Ele e outro amigo unimo-nos para a árdua tarefa de recolher amoras, apesar das grades que nos distanciavam da amoreira. E foi assim que tudo começou. Depois desse dia, passamos a nos ver com frequência. Mesmo quando não estávamos todos reunidos, eu o via perambulando pelos corredores e pelas redondezas da Universidade. Sempre na companhia do seu amigo ou da sua namorada. Com o passar do tempo, era cada vez mais comum vê-lo sozinho. E tornou-se cada vez mais comum o fato de pararmos para conversar quando dava tempo. E quando não dava, também. Eu era estagiária no contra-turno e, lá na Universidade, existe um lugar reservado para o "café dos estagiários". A restrição não parecia importar muito para Ele, meu novo amigo não-estagiário. Passamos a nos encontrar diariamente nos meus intervalos e, cada vez mais intensamente, comecei a ouvir uma vozinha na minha cabeça. E as palavras formavam algo como "Você está se envolvendo com o proibido!" Dizem que o que é proibido sempre é mais gostoso. E dizem, também, que a euforia ocasionada pela novidade pode ser arrebatadora. Eu não discordo. Meus dias arrastavam-se lentamente quando não nos víamos. As coisas pareceram perder a graça quando eu não estava rindo ao seu lado. Minhas amigas não aguentavam mais o nome dele saindo da minha boca. À medida que nós dois conversávamos, íamos gostando cada vez mais do que estávamos descobrindo.
Certo dia, enquanto conversávamos relaxadamente sobre seriados de televisão, Ele me contou sobre seu relacionamento ter ido por água abaixo. Tentei emitir algum som, mas fiquei com medo de ser traída pela própria boca. Eu estava radiante por dentro, deixando até mesmo alguma esperança florescer. Mas em qual universo alguém fica feliz quando a pessoa pela qual está apaixonada fica triste? Tentei alguns tapinhas no seu braço.

"Não se preocupe", eu disse. "Vocês vão se acertar".

Silêncio. Eu sempre soube que era um fracasso para consolar os outros.

"Quer conversar sobre isso?", tentei outra vez.

No momento em que perguntei, percebi que tinha feito besteira. Quero dizer, agora sei que foi a coisa mais certa do mundo. Mas, naquela hora, sabia que tinha me metido em encrenca.

"Nós terminamos", Ele declarou, fitando o chão. "Não estava dando certo, de qualquer maneira. Éramos somente bons amigos há meses".

"Que chato", mexi num fio solto da minha blusa.

"Falei que tinha me apaixonado por outra pessoa".

Meu sangue congelou. No sentido figurado, claro, porque o que aconteceu de fato foi basicamente o contrário: ele foi bombeado violentamente para minhas bochechas.

Não era a hora de nos apaixonarmos. Mas nossos corações discordavam.