25 de fevereiro de 2013

Síndrome de Peter Pan

Embora para muitos pareça não fazer o menor sentido, tenho para mim que é apenas agora que as coisas começam a fazer sentido. Dos sonhos de criança, dois deles já se realizaram. Encontrei o alguém que faz com que eu me sinta mais completa do que um dia julguei possível e conheci a capital internacional do tempo cinza, Londres. O outro está prestes a se tornar realidade.

Enquanto boa parte dos meus amigos dá um passo a frente em suas vidas, deixando a vida acadêmica e lançando-se ou avançando na carreira profissional, eu me encontro no que pode parecer a estaca zero. A decisão de voltar a estudar feito os vestibulandos de 17 anos de idade não foi interpretada como sendo exatamente a coisa mais inteligente a se fazer. Por ora, digo apenas que não se pode agradar a todos. Já é difícil agradar o seleto grupo de pessoas cujas opiniões realmente são levadas em conta nas minhas decisões, quem dirá toda a rede de amigos e conhecidos a quem eu tive a infeliz ideia de dizer "vou prestar vestibular outra vez".

Creio que as pessoas não são capazes de falar com precisão sobre coisas que não digam respeito especificamente a elas. A única capaz de medir prós e contras e realizar decisões para meu futuro sou eu mesma. Portanto digo que, sim, vou prestar vestibular novamente. Sim, vou me submeter à horas exaustivas de estudos para obter sucesso. Porque o sucesso não virá só na conquista por uma vaga no curso desejado, mas virá na vida profissional. Mais importante ainda, na vida pessoal. Sim, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance, ainda que seja cansativo e meio bobo, porque a vontade de ser realizada lá na frente é maior do que a força da comodidade. Talvez esta seja a chance de fazer coisas que deixei passar antes, por falta de vontade ou, mais provavelmente, pelo que eu chamo de "incompatibilidade com o estilo de vida". Nunca fui a caxias que separava um tempo para os estudos. Nunca fiz todos os exercícios necessários. Nunca li todos os livros cobrados. Nunca fui a estudante organizada com cronogramas, esquemas e métodos eficazes. Mas agora é a hora de ser, porque a determinação que já nasceu comigo grita e esperneia que eu vou, com toda certeza, passar em quantos processos seletivos eu quiser, na cidade e universidade que eu quiser, com todos os méritos a que eu tenho direito. Se é uma questão de orgulho ou somente a unha-de-fome falando, já não sei dizer, mas realmente não vou gastar um ano inteiro de dinheiro (e principalmente esforços) para fracassar. Muito menos dizer que desisti de ser uma arquiteta porque não passei no vestibular. Isso nunca.

Então talvez alguns considerem besteira. Síndrome de Peter Pan, quem sabe? Tentando fazer outra graduação para tentar viver o que não conseguiu da primeira vez. Não sei dizer, mas arrisco que, acima de todas as coisas, está o sonho. A convenção social diz "não desista deles", mas quando você faz um discurso e apresenta sua forma de correr atrás do que quer, a resposta do senso comum é dizer que "é muito bonito, mas acho besteira agora". Agora é tudo, menos besteira. Agora é que é possível, agora é que tem que ser feito. Agora, não depois! As oportunidades aparecem e eu sou daquelas que acreditam que, se você não tem nada que te prenda, deve aproveitar todas as que te interessam.

Enquanto eu estiver vivendo, sonhando, querendo, correndo e amando, acho que não é válido somente aquilo que me faz mal.